Professores e pais desvalorizam novos dados e continuam preocupados com o insucesso escolar

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Professores e pais defendem alterações de fundo no sistema educativo para combater insucesso escolar Daniel Rocha/PÚBLICO (Arquivo)

Professores e pais desvalorizam dados apresentados pelo Ministério da Educação e afirmam continuar preocupados com o insucesso escolar.

O secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Professores (FNE), João Dias da Silva, afirmou que os resultados que indicam que a taxa de chumbos no ensino básico e secundário atingiu este ano o valor mais baixo da última década não chegam a ser "uma boa notícia".

"Não tive acesso ainda a todos os dados mas para a FNE o mais preocupante é o aumento dos níveis de insucesso na transição de ciclo", disse.

"Daquilo que fica dos números e numa primeira apreciação genérica o que é preocupante é que, quando a escola tem de certificar que o aluno adquiriu um conjunto de conhecimentos e competências que permitem transitar de ciclo, os resultados escolares pioraram", afirmou.

Por seu turno, o vice-presidente da Confederação Nacional da Associações de Pais (CONFAP), António Amaral, disse que alguns valores das taxas de retenção no básico e secundário continuam a ser "preocupantes", apesar de os chumbos terem diminuído em todos os níveis de ensino.

Apesar dos dados não serem novidade para a CONFAP, António Amaral considera que são preocupantes e que alguma coisa tem de ser feita para mudar a situação.

Soluções passam por novas reformas

No entender de João Dias da Silva, estes dados resultam da insuficiência de mecanismos no sistema educativo de combate ao insucesso escolar.

"Há um conjunto de aspectos que devem ser considerados para promover o sucesso escolar, nomeadamente no que diz respeito à dimensão das turmas, aos espaços onde as aulas decorrem e aos recursos humanos", salientou.

Para resolver o problema, o vice-presidente da CONFAP defende alterações dos currículos para o primeiro ciclo e a alteração da Lei das Bases do Ensino.

"Nós defendemos também alterações para os segundo e terceiro ciclos, nomeadamente no que diz respeito à carga horária, de disciplinas e melhores condições de aprendizagem", precisou.

Na opinião de António Amaral, a culpa da situação não é apenas da escola mas também dos pais. "Não podemos imputar apenas culpas à escola no que diz respeito ao chumbo, este é também um problema de cariz social", sublinhou, defendendo que os pais devem fazer um melhor acompanhamento dos seus filhos em casa.

A taxa de chumbos no ensino básico e secundário atingiu este ano o valor mais baixo da última década, com a maior diminuição a registar-se no terceiro ciclo, segundo dados do Ministério da Educação (ME). A análise dos dados permite ainda concluir que, durante a transição entre ciclos, os chumbos a aumentam invariavelmente.

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