Ilda Figueredo acusa Governo de adiar subsídios aos pescadores à espera das eleições

A cabeça de lista da CDU, Ilda Figueiredo, desafiou ontem o ministro da Agricultura e Pescas a pagar “antes do dia das eleições” o subsídio correspondente aos meses de defeso da pesca da sardinha, sugerindo mesmo que o Governo o deve fazer “com juros”.

“Há pescadores que no final do mês de Maio ainda não tinham recebido o dinheiro que o Governo prometeu. Devem estar à espera do dia 6 para lhes pagar para ver se vocês lhes dão o voto”, acusou a candidata, depois de ter ouvido o protesto de um pescador na doca de Matosinhos. “Se está à espera do meu voto, morre à fome”, reagiu o pescador do convés da traineira, que acabara de aportar. Em Matosinhos, no bulício da faina e da venda do peixe, as queixas foram-se sucedendo. “Se não são vocês, mais ninguém nos quer ouvir. A frota está reduzida a mais de 50 por cento num país com a maior zona económica exclusiva”, denunciava, logo à entrada, António Fragateiro, indignando-se que, ao mesmo tempo, o país importe hoje mais de 60 por cento. “Um povo virado para o mar que deixa os espanhóis entrar por aqui e agora somos nós que lhes vamos comprar”, clamava ainda.
Ciceronada por José Augusto Amador, presidente da direcção da Mútua dos Pescadores – Cooperativa de Seguros que integra a lista da CDU, Ilda Figueiredo prometia “luta na defesa dos nosso recursos”. Um compromisso que reiterou, no final da visita em declarações aos jornalistas, aproveitando para lançar um repto, colectivo, a todos os cabeças de lista que têm representação no parlamento Europeu. Ilda Figueiredo quer saber se Vital Moreira, Paulo Rangel, Paulo Portas e Miguel Portas concordam que a gestão dos recursos marinhos passe a ser feita por Bruxelas, tal como prevê o Tratado de Lisboa. “Foi por isso que eles [PS e PSD não aceitaram fazer referendo, porque sabiam que ,se o povo português conhecesse que estão a vender um dos nosso maiores recursos, não o aceitariam”, afirmou, antevendo que “Portugal perderia todo a soberania sobre esta enorme riqueza”. Depois, alertou ainda para os “caminhos altamente perigosos” para o sector, que constam do Livro Verde proposto pela Comissão Europeia.

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