PCTP/MRPP: com um simples panfleto se apela ao voto e ao protesto

Simples panfletos, com o manifesto às eleições europeias, serviram hoje para o cabeça-de-lista do PCTP/MRPP apelar ao "voto de protesto" contra o Governo dos trabalhadores da OGMA, em Alverca.

Orlando Alves aproveitou para relembrar as propostas do Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses/Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado - as 30 horas de trabalho semanais e o salário mínimo europeu -, num cenário que invocava o primeiro filme exibido em público pelos irmãos Lumière (1895).

"Olha o meu partido! Voto sempre, mesmo sabendo que não se ganha nada. Sou de ideias fixas", soltou, à saída dos portões, Maria Fernandes, residente na vizinha Vialonga e funcionária nas antigas Oficinas Gerais de Manutenção Aeronáutica há 20 anos, "primeiro como mecânica e agora no apoio".

Porém, a maioria dos cerca de 1700 trabalhadores, no fim de um turno iniciado às 08h23 e terminado às 17h15 horas, pouco se manifestou, limitando-se a recolher o colorido encarte, à excepção de uns provocadores: "Estes gajos ainda existem?" e "Bloco de Esquerda, sempre!".

"Há uma expectativa de abstenção elevada, mas temos tido uma boa recepção e as nossas propostas vão frutificar. É difícil conseguirmos a eleição, com tanta desmotivação. Mas essas pessoas que pensam abster-se podem ter um voto de protesto, precisamente no PCTP", afirmou Orlando Alves, justificando a presença na OGMA com as recentes cartas de rescisão enviadas a alguns funcionários.

O candidato do PCTP/MRPP estabeleceu como meta para domingo aumentar os votos expressos, bem como a percentagem, conseguidos nas eleições para o Parlamento Europeu. "Vou agora aproveitar para ler, no comboio, mas é sempre mais uma opção. Ainda não tenho uma ideia definida", assumiu João, de 43 anos e inspector de qualidade, enquanto o jovem David, há escassos oito meses a trabalhar num dos armazéns da empresa, admitia não ter o assunto "bem pensado", embora "a Esquerda diga sempre qualquer coisa à malta mais nova".

A actual OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, SA - tem 90 anos de história, desde o Parque de Material Aeronáutico, inaugurado em 1918 e posteriormente renomeado OGMA, até à sua privatização, na década de 1990. Actualmente, o Estado português detém 35 por cento de participação na empresa, através da Empordef, enquanto 65 por cento das acções pertencem à construtora aeronáutica brasileira Embraer e ao consórcio europeu da indústria de defesa e aeronáutica EADS.

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