Bloco de Esquerda afasta hipótese de qualquer coligação com PS

Fernando Rosas, deputado do Bloco de Esquerda, garantiu hoje à agência Lusa que o seu partido não aceitará qualquer tipo de acordo, pré ou pós-eleitoral, com o Partido Socialista (PS) nas próximas eleições legislativas de 27 de Setembro.

"Está totalmente fora de causa qualquer entendimento com o PS de José Sócrates, quer pré, quer pós-eleitoral", assegurou o deputado do Bloco de Esquerda que hoje à noite participa numa arruada no Barreiro.

"As bases políticas programáticas do PS são completamente contrárias às do Bloco", assinalou Fernando Rosas", para justificar a exclusão de qualquer hipótese de entendimento com o actual partido no poder.

Ferro Rodrigues, ex-líder do PS, defendeu em entrevista hoje publicada no semanário Expresso que o PS deve desafiar PCP e BE para o Governo, frisando ainda que se tal não for possível, o seu partido deverá "virar-se para o PSD, nunca para o CDS".

Porém, quer o Bloco, quer o PCP já reagiram às afirmações de Ferro Rodrigues, afastando o cenário de aproximação defendido pelo antigo secretário-geral do PS.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse hoje que o seu partido não vai compactuar com as políticas do PS em troca de lugares no governo e voltou a negar uma possível coligação com o partido liderado por Sócrates.

"Este é o Governo do corte do investimento público, do código de trabalho, da reforma do sistema de segurança social que obriga as pessoas a trabalharem mais anos para ganharem menos, que levou o desemprego para níveis recorde, que promoveu o trabalho precário, sobretudo para as futuras gerações, que atacou a escola pública e os professores, que privatizou sectores estratégicos da economia portuguesa", disse à Lusa Fernando Rosas, de forma a sublinhar a rejeição de uma aproximação ao PS.

"Não há entendimento possível", sublinhou, acrescentando que "o futuro da modernização do país está à esquerda".

O deputado bloquista não fechou, contudo, a porta a um entendimento com o PCP, revelando que o BE está aberto a uma aproximação "a todas as forças sociais e políticas à esquerda do PS", considerando que é a vez do PCP revelar a sua posição sobre a matéria.

"Queremos mudar o panorama político do país actual e acabar com a alternância no poder do PS e do PSD, mas é um processo que vai demorar o seu tempo, sendo que as próximas eleições legislativas deverão dar um impulso à mudança", frisou.

Fernando Rosas acredita que as próximas eleições confirmarão a tendência de subida do BE: "Vamos subir face às últimas legislativas e aumentar o grupo parlamentar".

"Temos expectativas muito positivas quer para as legislativas, quer para as autárquicas", referiu, sem apontar quaisquer metas concretas.

"Vamos fazer por isso", respondeu o militante do Bloco quando questionado se tinha expectativas de repetir os resultados das europeias de Junho, nas quais foi o terceiro partido, atrás do PSD e do PS, com 10,74 por cento dos votos.

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